A flor da lama

Há diversos modos de encarar este mundo mas o sofrimento da maioria das pessoas é resultado do fato de as coisas deste mundo não serem como elas desejam.

Há casos de pessoas que vivem num ambiente abençoado em comparação com as que sofrem situação de miséria e pobreza. Mas incapazes de ampliar a sua visão, olham para o mundo a partir de uma perspectiva autocentrada e acabam impulsivamente com a vida por causa de acidentes triviais. Isso mostra como é difícil ver a si mesmo numa perspectiva que vá além do próprio eu.

Você deve ampliar a sua visão e perceber as coisas a partir de uma perspectiva mais ampla. Precisa observar não só o seu próprio meio, mas também o mundo em que vive, a sua comunidade, a sua escola e a sua família tentando enxergar o “eu” que vive nesse mundo.

Cada um é colocado em sua situação própria e única e no meio que é diferente dos outros. Por exemplo: há diferença de papel na família, no gênero, na idade, na renda e no status social. Seria um erro dizer que se determinada pessoa trabalhasse em determinada empresa ela seria sempre feliz e aqueles que não conseguissem o mesmo emprego seriam eternamente infelizes pois a felicidade e a infelicidade se encontram tanto dentro quanto fora da empresa.

O mesmo vale no caso das escolas. É um erro dizer que aqueles que ingressaram em certa escola são felizes enquanto os que não conseguem a vaga não são. As pessoas conhecem a felicidade e a infelicidade em qualquer empresa ou escola assim como os que não conseguiram ingressar nessas instituições também continuam vivendo tanto a felicidade quanto a infelicidade. Neste mundo o que não falta é variedade.

Como a flor de lótus desabrochando na lama

Muita coisa neste mundo está fora do controle humano. Mesmo quando se faz algo com boas intenções é possível que essa iniciativa não conte com o apoio da maioria.

Temos de admitir que neste mundo há luta, destruição, ódio, rancor, inveja, inimizade e loucura e que nele impera a lei da selva. Aqui é muito difícil de viver. Ao aceitar esse fato é importante encontrar o verdadeiro motivo pelo qual nós nascemos deste mundo.

É justamente isso que o ensinamento budista expressa com a analogia da flor de lótus desabrochando na lama. Muitos de vocês devem ter visto as flores de lótus brotarem. Elas crescem e florescem na superfície de um brejo ou de uma lagoa lodosa. Sob as suas pétalas não há água cristalina nem areia branca nem pedras bonitas só há lama escura. As flores de lótus conseguem nascer até mesmo nos brejos que servem de depósito de lixo.

O mundo está repleto de dor. De certo modo também há no mundo gritos de agonia. As pessoas sofrem muito. Porém temos de aceitar o fato de que em todas as épocas ou ambientes existiram acontecimentos  infelizes. Este não é o mundo bonito no qual um estado perfeito dure para sempre.

Buda ensinou que é impossível purificar completamente este mundo, mas assim como a flor de lótus desabrocha no lodo, você também deve fazer a tua flor desabrochar. Ele prosseguiu: “Não é possível mudar o ambiente externo e é impossível apagar todas as tristezas do passado que você viveu. Mas não importa o ambiente em que você nasceu, isso não significa que todas as pessoas serão infelizes. A cada pessoa é possível se aprimorar na lama, procurar o teu caminho e fazer a flor da tua vida desabrochar nesse ambiente. Isso é possível para todas as pessoas

Aos olhos espirituais, os seres celestiais como os Anjos enxergam que este mundo é simplesmente uma lagoa lamacenta. A questão é como você vai deixar a flor da sua vida desabrochar numa flor pura como a de lótus. Qualquer que seja a circunstância é possível fazer desabrochar a sua flor.

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